terça-feira, 7 de junho de 2011

Agricultura urbana: Contribuições e Desafios

A 4ª Oficina do GT Agricultura Urbana e Educação Alimentar, foi realizada no dia 17 de maio de 2001 na Escola Carioca de Agricultura Familiar, em Guaratiba, que nos acolheu em seu espaço e nos deu todo apoio de infra-estrutura.

Participaram 40  pessoas e foram apresentadas quatro experiências que consideramos entre as mais significativas do Município.

Tres iniciativas da Prefeitura:

1- Projeto Rio Hortas – Fundação Parques e Jardins, Secretaria Municipal do Meio Ambiente.
2- Projeto Hortas Cariocas - Secretaria Municipal do Meio Ambiente.
3- Escola Carioca de Agricultura Familiar - Secretaria Municipal de Assistência Social 

E uma experiência da sociedade civil:
4- Ong AS-PTA e Rede de Agricultura Urbana do municipio do Rio de Janeiro 

Cláudia Magnanini nos apresentou o Programa Rio Hortas, criado no contexto da Eco-92, vinculado à Fundação Parques e Jardins, da Secretaria de Meio Ambiente, voltado para transformar espaços ociosos da cidade em locais produtivos.

Criaram a horta-escola, que formou muitos hortelões, em terreno da prefeitura, com o apoio do shopping Via Parque.



O programa Rio Hortas tem várias iniciativas importantes, como o “crédito orgânico” (moeda de troca para estimular a reciclagem de lixo orgânico pela comunidade), o apoio às hortas escolares (em especial na 6ª CRE- Coordenadoria Regional de Educação), o apoio a hortas comunitárias, o projeto “Espiral de Arborização”, que se inicia na escola e vai em espiral arborizando o entorno.

Em 2011 encontra-se praticamente paralisado, em função do terreno onde ficava a horta  e era a  sede de suas propostas formativas (próximo ao Via Parque, na Barra), ter sido colocado a venda pela prefeitura. O Rio Hortas não tem outro local/sede ainda, o que inviabiliza a continuidade de seus trabalhos de formação de hortelões, para prejuízo da agricultura urbana no Rio de Janeiro.

Estes são os  links com as apresentaões completas do Rio Hortas e do Projeto Espiral de Arborização

Julio Barros apresentou o programa Hortas Cariocas, criado em 2006 está vinculado à Secretaria de Meio Ambiente da Prefeitura.


 
O programa apóia hortas comunitárias e escolares,  atualmente envolve 102 hortelões, em 25 hortas, sendo 9 em escolas públicas e as demais em comunidades carentes.
Priorizam áreas da cidade subutilizadas ou com um uso inadequado (entulho, matagal), atendendo pedidos das comunidades.

As hortas incluídas no programa recebem os equipamentos e remuneração (prolabore), geralmente há um encarregado e outros que estão subordinados ao mesmo.

A metade da produção das hortas comunitárias vai para equipamentos públicos da prefeitura ou para moradores em situação de insegurança alimentar e a outra metade fica para que os hortelões comercializarem localmente. Estão estudando a criação de algumas feiras para poder escoar os produtos para uma parcela maior da população, deselitizando o consumo da produção orgânica.

Nas escolas a produção da horta é utilizada na alimentação escolar ou como doação para famílias dos alunos. Atualmente busca-se implantar sistemas agroflorestais nas áreas.

Estimulam que a horta se auto-sustente e fique independente da prefeitura. Já trabalham com entrega de lixo pela população, para compostagem e estão planejando implantar o “orgânico” como moeda, a partir da idéia do Rio Hortas.

Link com apresentação completa do Projeto Hortas Cariocas, feita por Júlio Barros.

Eremita Santos nos apresentou a ECAF - Escola Carioca de Agricultura Familiar, vinculada à SMAS - Secretaria Municipal de Assistência Social.

A ECAF foi criada em 2005, ocupando uma área que até alguns anos atrás era conhecida como “Fazenda Modelo”, destinada ao abrigo de população de rua.  Entre 2005 e 2009, a ECAF desenvolveu o projeto Hortas Comunitárias, focalizando na formação de hortelãos.

Passou a ser um centro de capacitação e difusão da agricultura familiar/urbana para a população, com o objetivo de estimular os cultivos na cidade e com foco na inclusão produtiva dos alunos, a preocupação era oferecer aulas práticas, acompanhadas em casa, com a construção pelo alunos de um projeto produtivo, iniciando com o espaço doméstico.

Além dos cursos, a ECAF já organizou atividades voltadas para escolas públicas: colônia de férias, “concurso de sanduíches saudáveis” (voltado para adolescentes, antecedido de palestrra sobre o tema). Em 2010 participou da Semana de Alimentação Carioca, organizou  oficinas de doces e compotas, voltadas para a geração de renda.

A Escola formou algumas centenas de alunos, mas infelizmente a proposta, que durou 3 anos, descontinuou, não se tendo atualmente nenhum projeto patrocinado. Atualmente as turmas estão pequenas e a parte prática da formação é reduzida


Daniele Sanfins apresentou a experiência da ONG AS-PTA  e da Rede de Agricultura Urbana.
Desde 1999, a Aspta desenvolve um trabalho importante com agricultura urbana na zona oeste do município do Rio de Janeiro, voltado ao incentivo do plantio nos quintais mobilizando a própria comunidade para mantê-las.

Ressaltam  importância do trabalho das mulheres (que cuidam da casa, do alimento, da família) e dos quintais urbanos como algo que repercute na saúde da família. Estimulam o uso de plantas medicinais, o resgate da auto-estima e das raízes culturais. Seu foco é a agroecologia e buscam apontar que horta não é só alface, couve, beterraba, cenoura, mas pode incluir uma grande diversidade de plantas e árvores. Não é só um trabalho de segurança alimentar, mas também cultural.

Seu trabalho se volta para a fomentação do que já existe, dentro de um enfoque participativo, através de encontros, oficinas e cursos, com destaque para visitas de intercambio e trocas de experiências.

A AS-PTA teve importante papel na constituição da Rede de Agricultura Urbana do município do Rio de Janeiro, que se junta a outras redes, como a Articulação de Agroecologia do Estado do Rio de Janeiro, vinculada à Articulação Nacional de Agroecologia (http://www.agroecologia.org.br/) 

Um importante desta oficina foi a alimentação. Teresa Corção, chef do restaurante Navegador, e a frente do Instituto Maniva (http://www.institutomaniva.org/en) , esteve a frente da alimentação. Ela e mais 4 senhoras da ECAF, com a contribuição de produtos do Hortas Cariocas, da ECAF, da Farmanguinhos/Fiocruz, da Terrapia e de todos os participantes. Experimentamos uma salada de maionese de aipim, uma espécie de “cuscuz marroquino” feito farinha d’água de mandioca do Pará, trazida por Teresa Corção. Foi tudo uma delícia, e reforçou a visão da importância da culinária na valorização da produção.


 
Uma pena muito grande foi não termos conseguido fazer a visita à ECAF, que a chuva impediu que fosse feita assim como o pouco tempo para as trocas de debates.

Foi muito importante conhecer todas estas iniciativas, da integração destes vários grupos, certamente várias conseqüências importantes poderão surgir e a Conferencia Municipal de Segurança Alimentar que em breve se inicia, poderá ser uma referência onde várias questões poderão desembocar. Daí que a próxima e ultima oficina terá muito importância, no sentido de integrar as várias questões levantadas, pensando em políticas publicas que fortaleçam a agricultura urbana no nosso município.

Clique aqui  para ver o relatório completo.

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